“Toda forma de vida e alegria, pode ter certeza, tem um pouco de você. Talvez agora seja difícil eu entender como vou seguir minha vida. Tudo que tenho feito tem um pouco de você sim e sei que apesar de estar alegre, cada parte do meu corpo sente sua falta. Mudar foi doloroso pra mim, mas o pior de tudo foi perceber que você já não era tudo aquilo que eu queria. Sei que não vai acreditar em mim, mas eu garanto, nunca tive a intenção de te machucar. Espero que saiba que também não está fácil pra mim.”
E esta foi a mensagem que lhe
deixou, por debaixo da porta. Mal sabia o que deixava para trás, mal sabia tudo
que havia perdido. Foram dias e noites de muito amor caladas pela distância e o
sofrimento proveniente dessa. Seguir em frente foi a forma que ela encontrou
pra apagar da memória aquilo que havia sido a felicidade de sua vida por tanto
tempo. E ele, apenas esperava que ela reconhecesse o erro e voltasse atrás.
Quem dera que a vida fosse assim tão simples!
Cada mensagem, cada estrela no céu e cada fio de luz que transpassava a
cortina do seu quarto a faziam voltar no tempo, aquele tempo. Em que eram os
dois, se fizeram dois, não mais um e um.
Tudo que queria era amenizar essa dor.
Desceu as escadas correndo antes
que qualquer pessoa pudesse ver o que havia feito, como se fosse algo errado.
Talvez fosse: mal ela sabia o que queria, quiçá trazer esperanças para outra
pessoa. Seja lá o que for, sabia que devia fazer isso e a coragem que a ela
faltava, neste momento tinha de sobra. De frente para a movimentada avenida,
poderia escolher agora seu destino e quem sabe, fazer este dia acabar de uma
forma diferente. Um passo a frente em nome de um recomeço, era isso que faria.
Com a mão trêmula, segurava o
telefone. “Preciso de um táxi para o aeroporto”, foram suas palavras. Sabia que
se não fizesse aquilo naquele momento, não teria mais coragem de fazê-lo. Com a
segurança em seus movimentos e a incerteza no seu coração, fitava o táxi
dobrando a esquina. Era sua deixa. Torcia para que ele chegasse a tempo de ler
sua carta. Só queria um motivo, por mais bobo que seja. Precisava sentir-se bem
vinda. Mas não bastava.
Cansada de esperar, ela embarcou.
Era hora de deixar aquela cidade que por tanto tempo lhe trouxe conforto.
Esperava que ele chegasse logo em casa para que lesse sua carta e, se o destino
assim quisesse, que ele viesse atrás dela antes que ela se fosse para sempre.
No fundo sabia que ele não viria. Sequer o havia chamado, mas esperava que ele
abrisse sua carta. Talvez não quisesse mais seu passado. Quem sabe faltou-lhe
coragem ao chegar em casa naquela noite. Ele jamais imaginaria que ela havia
ido embora. Ele jamais imaginaria que ela lhe escreveria uma carta. E ela
jamais imaginaria que ele não chegaria em casa para ler sua carta. Ela esperava
que ele viesse ao seu encontro.
Mas ele se foi.
Excelente conto minha amiga, é difícil ver alguém com talento para escrever e com uma ótima ortografia hoje em dia, parabéns.
ResponderExcluirGrande abraço,
Almir Ferreira
Rama na Vimana
Fico feliz que tenha gostado. Obrigada pelos elogios!
ExcluirVolte sempre.