Milhares de
corações partidos juntos, numa noite. Num só grito, numa só melodia. Num tom de
piano. Mas todos, numa só voz, esbravejam o que seus corações gritam e jogam
pra fora. Apenas a verdade. Ninguém está vendo, por que não se doar ao máximo
ao momento? É mais do que mágico: é sedutor saber que uma melodia traduz seus
sentimentos, você canta e ninguém desconfiará que por dentro você chora.
Cada um com
seu motivo. Cada um com sua dor, lacrimejada no escuro do seu quarto. Mas todos
nos comovemos com a dor do outro. A plateia torna-se testemunha de algo
indescritível. Sentimentos anulam o odor dos cigarros, o empurra-empurra e a
voz rouca. Todos ouvem só uma coisa, e nós sabemos que não é a melodia da
música.
Algo esteve
esquecido entre todos nós durante muito tempo. Alguns abafam, encaram como
fraqueza. Fraqueza? Pra amar tem é que ser muito forte! E é só isso que se
ouve. A noite caiu, e deu espaço à toda aquela gente, querendo dizer, todos
juntos, o quanto amam, o quanto vivem. Cada um de sua forma. Cada um
acreditando no que quis acreditar, ignorando os erros do outro, relevando
certas manias e aprendendo finalmente, que ninguém é perfeito pra ninguém.
A música tem
esse poder de trazer à tona sentimentos já esquecidos, dores do passado que já
não machucam porque aprendemos a viver. Envolve-nos e acaricia-nos como uma
velha amiga. Dá-nos um ombro pra chorar, nos alivia, pois aquelas palavras
dispostas naquela melodia estão narrando a nossa vida, mesmo que seja a
primeira vez que ouvimos essa combinação maluca. E naquele incansável coro de
vozes distintas encontramos um consolo, porque o ritmo e os sons levam pra
longe tudo aquilo que nos incomoda, trazendo pra perto tudo aquilo que nos faz
bem: a música.
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