Marina morena era doce como
algodão-doce. Marina vinha do mar, com suas ondas que chamava de cabelos, ela
rodopiava sua saia rendada com seu jeito de moça querendo crescer. Tinha um
sorriso que quando sorria apertava seus olhinhos e salientava suas bochechas.
Ainda era menina, sabia no fundo, mas queria crescer.
Dos seus pequenos olhos brotavam
o desejo de conhecer o mundo, o que não podia conhecer, saber que além do doce
universo que a rodeava havia muito mais. Sua inocência refletia no seu
rodopiar, no balanço do seu mar e no seu jeito tímido de sorrir. Falava tão
doce que quando queria embrabecer só fazia chover por seus olhos pequeninos.
Não tinha raiva no coração a menina, era doce como algodão-doce.
No dia de brabeza, o mar
revoltava, ficava gelado mas tão mais quieto que só quem conhecia percebia. Não
soltava as ondas do cabelo, não rodopiava a saia, não deixava doçura
transparecer. Só murmurava um: vai passar, vai. Não passava, guardava um
pouquinho da amargura naquele coraçãozinho doce, porque ela sabia que um
coração agridoce era um coração de mulher. A menina queria ser mulher.
Ela cresceu – todos notavam, cadê
o jeito doce de Marina? Sempre esteve lá, guardadinho pra quem merecesse. Doce como
algodão-doce, deixou seu coração ser agridoce, mas no fundo, no fundo, quando
ela rodopiava aquela mesma saia e sorria aquele mesmo riso de menina, todo
mundo sabia: a chuva passou, a doce Marina voltou.
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