Pequeno grande mundo

Revirando alguns papéis antigos e amarelados, por acaso encontrei uma frase que me soava familiar: “o mundo é tão grande, mas tão pequeno”. Imediatamente percebi que não se tratava apenas de uma nostalgia qualquer. Quem me proferiu essa frase foi um professor que muito me ensinou antes que eu me mudasse. Foi um momento estranho, mas como ele disse que um dia eu entenderia, anotei a frase e misturei às minhas outras ideias escritas na gaveta. E não foi por acaso que a reencontrei: eu entendi.

O mundo é grande, sim. Quase tão grande quanto à infinidade de pensamentos que passam pelas nossas cabeças todos os dias. O mundo tem que ser grande, se não onde iria caber tanto luxo? E tanta miséria? Onde caberia tanta discrepância, desigualdade?

Mas, incrivelmente, apesar de tantos contrastes, o mundo é mais “pequeno” do que “grande”. É confuso, mas você vai me entender. Somos 7 bilhões e cada um fingindo pensar no outro mas pondo-se a frente de tudo, sempre. Somos apenas meros pontinhos num mapa gigante, povoado por pensamentos indiferentes e pessoas que já perderam as esperanças. Vemos, dia após dia, esse planeta azul ficar cada vez mais cinza e as pessoas seguirem pensando em si próprias, omitindo-se da sua porcentagem de culpa no caos contemporâneo.

Entretanto, nós sabemos que esse mundo é minúsculo. Podemos viajar mundo afora e perceberemos que os problemas são os mesmos. Ser francês é um luxo, mas e aí, lá não existem mendigos, miséria e pessoas que passam fome? Isso existe em todos os lugares. Sem contar aqueles que passam frio, que sofrem injustiças e que muitas vezes estão perto de nós, mas como sempre estamos ocupados demais com nossos pensamentos para repararmos.

Estamos teoricamente todos juntos mas isso não quer dizer que estamos unidos. Será mesmo tão difícil ver generosidade no mundo de hoje? Enxergar o próximo e evitar cometer mais injustiças ao invés de apenas se revoltar diante da televisão e achar que isso basta. O mundo é assim, grande e pequeno, mas minúsculo mesmo é o pensamento do ser humano.

P.S: Agradeço ao meu professor, Cléber, que me deu mais do que conselhos. Foram lições pra vida toda.