Só me conheça
se tiver muita vontade. Não sou do tipo que vai te fazer rir da vida em
segundos e muito menos dizer o que você quer ouvir. Não vou te contar histórias
apaixonantes que vão te fazer viajar. Não vou te chamar pra dançar, a não ser
que esteja alegre demais. Não pretendo te convidar pra tomar um café numa tarde
de sol. Prefiro não fingir, prefiro expulsar as palavras de mim.
Pode ser que
você goste de mim. Depois de algumas doses, quando ambos estiverem desprendidos
das suas personalidades. Talvez você me ache interessante, quando estiver
derramando vinho tinto no sofá branco da sala e gritando pro mundo ouvir a
letra de alguma canção. Só sei que não vou tentar te agradar. Vou mostrar meu
eu que se olha no espelho e não aceita as aparências.
Vou fazer o
que eu quiser. Vou te falar as verdades entaladas. Falo expulsando as palavras
mesmo. Elas nunca me pertenceram e eu nasci para mostra-las. Por que então as
guardaria comigo? Pode ser que quando as expulse elas tomem formas e dimensões
que não planejei. Você sabe o quanto elas são irreverentes e cheias de si, pode
ser que queiram chamar sua atenção.
Azar é o das
palavras. Uso-as como bem entendo e não gosto de deixa-las comigo. Mando-as
embora toda hora.
Mas quanto a
mim... Ah, insegura e insatisfeita. Reclamo o tempo todo, mas no fundo sou uma
sortuda do caralho. Sou mesmo. Expulso palavras maldosas, mas juro que no fundo
sou doce. Pode ser que você só perceba isso quando sair do apartamento,
atravessar a rua e acenar dizendo adeus. Pode ser que perceba no meu jeito de
dizer “só me conheça se tiver vontade”. É meu jeito de ser sincera.
Peço perdão. Talvez esteja me precipitando, você aí nem me
conhece e já estou lhe dizendo todas as primeiras impressões que devem ficar.
É só cautela,
pra que você me conheça só se realmente quiser.
Se não, foi um
prazer.
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