sexta-feira, janeiro 10, 2014

Expulsando palavras


Só me conheça se tiver muita vontade. Não sou do tipo que vai te fazer rir da vida em segundos e muito menos dizer o que você quer ouvir. Não vou te contar histórias apaixonantes que vão te fazer viajar. Não vou te chamar pra dançar, a não ser que esteja alegre demais. Não pretendo te convidar pra tomar um café numa tarde de sol. Prefiro não fingir, prefiro expulsar as palavras de mim.

Pode ser que você goste de mim. Depois de algumas doses, quando ambos estiverem desprendidos das suas personalidades. Talvez você me ache interessante, quando estiver derramando vinho tinto no sofá branco da sala e gritando pro mundo ouvir a letra de alguma canção. Só sei que não vou tentar te agradar. Vou mostrar meu eu que se olha no espelho e não aceita as aparências.

Vou fazer o que eu quiser. Vou te falar as verdades entaladas. Falo expulsando as palavras mesmo. Elas nunca me pertenceram e eu nasci para mostra-las. Por que então as guardaria comigo? Pode ser que quando as expulse elas tomem formas e dimensões que não planejei. Você sabe o quanto elas são irreverentes e cheias de si, pode ser que queiram chamar sua atenção.

Azar é o das palavras. Uso-as como bem entendo e não gosto de deixa-las comigo. Mando-as embora toda hora.

Mas quanto a mim... Ah, insegura e insatisfeita. Reclamo o tempo todo, mas no fundo sou uma sortuda do caralho. Sou mesmo. Expulso palavras maldosas, mas juro que no fundo sou doce. Pode ser que você só perceba isso quando sair do apartamento, atravessar a rua e acenar dizendo adeus. Pode ser que perceba no meu jeito de dizer “só me conheça se tiver vontade”. É meu jeito de ser sincera.

Peço perdão.  Talvez esteja me precipitando, você aí nem me conhece e já estou lhe dizendo todas as primeiras impressões que devem ficar.

É só cautela, pra que você me conheça só se realmente quiser.

Se não, foi um prazer.

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