sábado, abril 18, 2015

Amor próprio versus amor




Te vi sorrindo aquele dia na escada meio distraído com o sol no rosto. Te vi puxar do bolso um maço de cigarros e acender, mesmo que fosse nove da manhã. Te vi aquele dia na festa, dançando e fingindo que não me conhecia. Te vi pela primeira vez por acaso, no meio da multidão, e te beijei. E eu ainda sei seu nome.

Te vi andando com as mãos no bolso, óculos escuros, e aquele sorriso padrão que eu ainda não tenho opinião formada sobre. Aliás, não tenho opinião formada sobre nada dessa merda que vem acontecendo entre a gente. Afinal, o que eu fui fazer na sua casa às seis da manhã? Pagar de otária mesmo.

E o que vem você fazer implorando um oi quando eu te vejo por aí? Não adianta perguntar, vai sempre jogar uma fumaça pro lado e me olhar com aquela cara de quem sabe tudo e não vai me contar nada. Pois eu vou te contar agora uma coisa que você não sabe: aquele dia que te vi nove da manhã fumando, eu pensei que era a última vez que te ver no mesmo ambiente que eu faria alguma diferença.

Depois te vi na festa, depois te vi naquele sofá laranja que combina com seu estilo meio de não estar ligando pra vida. E todas essas vezes eu prometi que seria a última que me importaria que eu gastaria minhas energias pensando que seria definitivamente a última.

Nunca foi a última. Até agora.

Olá, tudo bem você deve lembrar de mim, se não lembrar melhor ainda. Hoje acordei com vontade de amar: isso não é novidade, você sabe que me julgam por banalizar o amor – me apaixono todos os dias perdidamente no ônibus que me leva até meu destino.

Mas hoje amo diferente – apesar de ainda amar o ruivo do ônibus que se ofereceu para segurar minha mochila pesada. Hoje amo o que a vida inteira me fez ser, e só quero te informar que isso você não vai mudar nunca. Pode até mudar meu jeito de encarar meus amores passageiros (da vida ou dos ônibus). Mudar o que eu lutei pra ser? 

Insano.

Pode jogar a fumaça que for, sorrir do jeito que for, quem sabe até dizer que sou pouco pra você. Eu ainda vou preferir minha própria companhia às 6 da manhã de um domingo a ter você do meu lado.

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