Dignamente pó
foi o que virei entre os seus dedos. Tanto me segurou que me esvaí, como quem
já não é mais feito de matéria. Como quem já não sente o coração pulsar porque
ele foi engolido pelo “e se”. Você tentou me segurar com toda a força que suas
falanges conseguiam empregar, mas escorreguei por entre sua carne fria como
quem foge do caçador. Fugitivo do meu antes lar seguro. Derreto-me como lesma
no sal, com vontade de des(ex)istir.
O sol continuará cerrando os olhos das pessoas, o vento continuará fazendo
cócegas nas folhas das árvores e o mar continuará levando embora suas
lembranças.
O mundo
continuará a rodopiar.
Revirarei pó
dentro de mim. Antes que os vermes engulam tudo que antes chamava de “eu” e a
missa de sétimo dia e de alguns anos se passem, talvez alguma alma viva ainda
derrame lágrimas. Você tentou impedir que eu virasse esse pó que nem mais pra
sujeira se faz útil. Um dia sua mente descolorirá e nem dos seus piores
pesadelos você lembrará. Nesse dia, minha existência será findada, porque minha
última moradia foi o testemunho da sua mente.
De agora em
diante, serei nada. Que cor tem o nada? E ele, por simplesmente ser o nada, não
passa por existir? Afastei-me de mim, tentei fugir.
Empoeirei-me
para me decompor. Corri por entre seus dedos para retornar ao pó. Tentei não
ser salva por você. Dentre muitas outras coisas que viraram pó, no chão havia
areia.
Ofusquei-me.
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