quarta-feira, maio 06, 2015

Obscuridad




Dignamente pó foi o que virei entre os seus dedos. Tanto me segurou que me esvaí, como quem já não é mais feito de matéria. Como quem já não sente o coração pulsar porque ele foi engolido pelo “e se”. Você tentou me segurar com toda a força que suas falanges conseguiam empregar, mas escorreguei por entre sua carne fria como quem foge do caçador. Fugitivo do meu antes lar seguro. Derreto-me como lesma no sal, com vontade de des(ex)istir. O sol continuará cerrando os olhos das pessoas, o vento continuará fazendo cócegas nas folhas das árvores e o mar continuará levando embora suas lembranças.

O mundo continuará a rodopiar.

Revirarei pó dentro de mim. Antes que os vermes engulam tudo que antes chamava de “eu” e a missa de sétimo dia e de alguns anos se passem, talvez alguma alma viva ainda derrame lágrimas. Você tentou impedir que eu virasse esse pó que nem mais pra sujeira se faz útil. Um dia sua mente descolorirá e nem dos seus piores pesadelos você lembrará. Nesse dia, minha existência será findada, porque minha última moradia foi o testemunho da sua mente.

De agora em diante, serei nada. Que cor tem o nada? E ele, por simplesmente ser o nada, não passa por existir? Afastei-me de mim, tentei fugir. 

Empoeirei-me para me decompor. Corri por entre seus dedos para retornar ao pó. Tentei não ser salva por você. Dentre muitas outras coisas que viraram pó, no chão havia areia.

Ofusquei-me.

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