segunda-feira, junho 22, 2015

Peço




O abraço que não cala o choro. O abraço que não alivia o coração, que não esquenta a alma nem afaga os cabelos. Um abraço que se dissipa pelo ar, que traz mais saudade, que não ensina nossa alma a amar devagarinho. O abraço dessa distância, abraço que não existe, abraço que quero agora. Acordei hoje sentindo no pescoço o arzinho da tua respiração. Acordei querendo pegar na tua mão e ficar sentindo o volume que tuas veias fazem na pele. Procurei você, e em meio a lençóis me perdi. 

Jurei que aquele ia ser o último abraço e eu ia esquecer. Mas a física é inquestionável, e meu corpo pede teu calor. Pode ser abaixo de zero, mas quero que nossos pés durmam abraçados novamente. Não precisamos mais daquela mágica toda, a intimidade já nos fez um só.

E aí, mesmo já conhecendo cada espacinho do teu rosto, eu ia continuar brincando com aquela covinha tímida que tu tem quando ri envergonhado. E ia implicar com teu cabelo até tu confiar em mim o suficiente pra me deixar pegar uma tesoura e brincar com ele. Seríamos novamente eu e você e nossos domingos. 

Faz meu domingo sorrir? Me liga dizendo que tá vindo, me acorda três da manhã mandando eu abrir a porta, mas faz esse domingo sorrir. Esse teu abraço não me aquieta, essa tua lonjura me distrai. Preciso do aquiagora, preciso dos nossos “nós”.  O mapa tem uma escala bem grande, a gente só não sabia disso. Cada centímetro eram milhares de quilômetros e cada um deles apertaria nosso coração como quem segura a mão de outrem pra aguentar a dor.

Mas a mão de quem que eu posso segurar pra aguentar essa dor?

Abraça no escuro, me traz de volta pra mim, me lembra o que é espontâneo, me deixa ser nostalgia. Não quero mais abraços vazios, quero perder o ar. O presente é o futuro do nosso passado, a gente sabia que um dia seria assim. O tempo é uma coisa louca, tu lembra disso.

Vamos fazer ele parar?

Me liga, me fala, me implora, me abraça. Me tira o ar. Mas não me deixe aqui, sozinha num domingo, sem você pra abraçar minha alma. Só não me deixa sem você.

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