“Um
homem não é outra coisa
senão o
que faz de si mesmo.”
Jean-Paul Sartre
Jean-Paul Sartre
A sala estava perfumada com aquele
aroma cítrico, um perfume francês chamado Mijeau de Gateau. A mulher jogava os
dados e gritava a cada casa que o personagem andava: adorava brincar com a vida
dos outros. Era Maria Eugênia, cigana, dona dos destinos, popularmente
conhecida como Vida. Ai de quem se metesse com ela. Tinha o poder do destino na
ponta do dedo.
Eis que entre um grito de felicidade e
outro de desgosto por ter tirado o número 1 no dado, aparece na sala um homem
robusto, digno de cena de filme apelativo. Vida levantou os olhos e sorriu:
mais uma vítima. O homem sorri de volta – percebeu que lhe faltava um dente. O
pivô de ouro no canto esquerdo da boca reluzia e, não bastasse isso, tirou do
bolso um palitinho de madeira e começou a mordiscar. Parecia que tinha gosto de
capim, mas ele mordia com tanta vontade que até lhe fez simpatizar pela
caipirez do moço.
A mulher tirou o tabuleiro de dados de
cima da mesa e jogou-o no chão. Fumou seu charuto com vontade e, jogando a
fumaça nas ventas do seu cliente, perguntou:
-
Veio procurar a tia Vida por que, periquitinho?
-
Assim, senhora. Ouvi dizer aí na rua que a tia aí muda o destino da gente.
Quero saber quanto tu me cobra pra ganhar na loteria e encontrar uma mulher?
A mulher pigarreou. Não se rendia
fácil a fazer grandes favores, mas tinha que abrir exceção: era um caipira bem
ajeitado e parecia ser montado na grana.
-
Claro, periquitinho. Vamos ver o que o Jogo da Vida reserva pra você. – disse
ela abrindo outro tabuleiro esse, dessa vez, parecia coisa séria.
Começou a franzir a testa, parecendo
intrigada. Continuava brincando com a fumaça, deixando a sala com um ar denso e
cheio de entrelinhas. Respirou fundo e, com um sorriso malicioso nos lábios
falou:
-
Seguinte: vai custar uma graninha salgada isso aqui, fío. Mas é só tu botar um
estímulo na minha mão que te devolvo a grana exponencialmente. Topa?
-Ô,
Vida! É pra já. – E colocou a mão no bolso animado. Tirou da carteira a quantia
pedida pela mulher e mais um pouco. Nunca se sabe o quanto é suficiente para
satisfazer o destino. Olhou para a quantia de dinheiro na mão da moça e falou:
-
Não, calma aí! Toma isso aqui também, só pra dar uma animadinha no teu
trabalho. – E arrancou seu pivô de ouro.
Vida pedia mais. Era muito trabalho
pra pouco lucro. O homem saiu da cabana sentindo-se ligeiramente mais leve – de
alma e de quantidade monetária. Acenou de longe, agradeceu o atendimento de
Vida e saiu feliz (da vida).
Seu sorriso foi interrompido por um
arrasto: um caminhão de dinheiro passava na rua no momento que atravessou
levando no rosto seu sorriso de esperança.
Vida sabia e só ria. Nunca havia sido tão fácil faturar em cima do
destino.
Nossa, que conto show! Final épico, rsrs. Adorei.
ResponderExcluirQue bom que gostou! Volte sempre :3
ExcluirHAHAHAHAH que legaaaaaaaaaaal. Você que escreveu? fiquei babando nesse conto, gente.
ResponderExcluirMARAVILHOSO. Nunca esperaria esse o final, mas pelo andar da história, sabia que ia ser surpreendente
beijo
beinghellz.blogspot.com
Sim, é meu hahahahah Fico feliz que tenha gostado! Beijos, volte sempre!
Excluir