Cheguei na tua vida, baguncei
teus cabelos, deixei marcas no teu pescoço e te fiz rir uma risada engraçada.
Te fiz passar vergonha, te pedi mil desculpas, te irritei até ter certeza que
estava tudo bem. Te confundi, te deixei em dúvida, fiz mistério. Te contei da
minha vida, te falei da minha sinceridade e logo mais te provei ela. Te deixei
triste, confusa, perdida. Te encontrei: no meio duma sentença meio alcoolizada,
a gente disse sim.
Te amei. Te amei muito. Ou
melhor, eu te amo, porque verbo amar não conjuga no passado. Me fiz presente e
te fiz amar também. Talvez tenhamos amado como nunca antes na vida: dum jeito
meio torto, desajeitado, ainda engatinhando. Te surpreendi, te abracei no meio
da noite quando os sonhos viravam pesadelos, te diverti num domingo chuvoso sem
nada pra fazer, te ajudei com trabalhos da faculdade, te mostrei umas bandas
meio indie triste, te questionei umas coisas que tu nunca tinha parado pra
pensar.
Te emaranhei na minha confusão.
Era mais do que cabelo bagunçado: eram lençóis, guarda-roupas, computador,
vida, coração. Baguncei teu coração do meu jeito bem aquariana. E aprendi
direitinho a ler tuas expressões e saber quando a bagunça foi bem feita.
Me desculpe por isso.
Te usei. Te magoei, te deixei em pedaços e parei só pra olhar pra mim mesma. Chorei e te chamei. Me perdi e te chamei. Senti dor e te chamei. Te ignorei.
Eu te machuquei.
Te fiz, olha só que absurdo!, pensar que tu não valia a pena. Te fiz não ter vontade de seguir em frente. Te fiz muito mal.
Me desculpe por isso.
Eu sei, eu também já te pedi perdão trocentas vezes.
Te pedi pra conversar. Te pedi pra me entender. Te falei meu lado. Te mostrei o porquê de tudo – mesmo que a dor seja muito maior que qualquer justificativa. Te disse o quanto eu te amo. Te mostro a cada dia o quanto eu te amo.
Te senti fria, distante, fechada, magoada. Ainda te sinto. Mas depois de alguns dias relevando tudo isso, eu te senti novamente. Simples assim: te senti. E foi naquele carinho no meu rosto e no teu jeito
de me olhar que eu te senti.
Eu sigo te magoando, porque tudo isso doeu e muito. Mas eu também sigo aqui, tentando te mostrar que aquela pessoa que te machucou faz parte de um eu que não tem espaço pra existir mais.
Um eu que estava sem ti e sem saber por onde deixar a dor escapar, fazia ela sair pelos olhos e pela boca, em forma das mais cruéis palavras. Um eu que te usou, te magoou, te deixou em pedaços e que só olhava pra si mesma.
Eu estou te olhando. Te vejo, e vejo muito bem agora. Vejo toda dor que tu carrega nesse coração que tô colando pedacinho por pedacinho, e mais uma vez: me desculpe por isso.
Hoje eu só quero te ver feliz. E
que, de preferência, que eu possa participar dessa felicidade. Te vejo, te
sinto. Te amo.
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