Reencontro

Era uma tarde de domingo, como todas as outras. Não era especial, era apenas mais uma. Parada, com aquele cheiro de final de primavera, sem hora de voltar para casa. Ele não saía de sua cabeça já fazia mais de uma semana. Como isso pode ser possível quando ao menos se lembra o perfume da pessoa, o som da sua risada? Eles não se viam há mais de um ano. "Ex-namorado nunca é ex completamente! Sempre vai existir algum sentimento, por mais remoto que seja", já dizia aquela amiga baixinha dela, a qual sempre lhe dava os melhores conselhos. Se não fosse por essa amiga...

Mas ela já tinha tantos ex-namorados, que sua vida seria para sempre repleta de sentimentos se isto fosse verdade. E não era o que ela sentia. Sentia a chuva caindo, levando embora o cheiro de primavera que pairava no ar, e trazendo o aroma de terra molhada, o que a fazia lembrar dele. Ele que tantas vezes soube olhar nos seus olhos, e dizer  da forma mais singela tudo o que ela queria ouvir. Bobagem, já não era mais uma adolescente sonhadora, presa em seus contos de fadas encantados, onde o príncipe encantado não precisava nem ter cavalo branco, bastava ter um olhar penetrante que já teria a mocinha só pra si. Agora se sentia madura o suficiente para reconhecer alguém que pudesse ser um companheiro de verdade, que fosse levá-la ao cinema todo domingo sem reclamar, que atendesse às suas ligações e que a acordasse de manhã cedo só para dizer o quanto a ama. Mas isso parecia tão distante aos seus olhos, que chegava a pensar se realmente valia a pena esperar por alguém.

Até ter seus pensamentos interrompidos ao ouvir seu nome sendo chamado. E não parecia ser a primeira vez. Era ele, aquele que superou as expectativas, aquele que nunca deixou a desejar. O mesmo jeito de andar, a mesma risada que ela já não lembrava mais. Com os cabelos molhados, ele acenava em sua direção. Ela atravessou a rua, o abraçou e de impulso falou "Você voltou!". Bastou isto para que ele olhasse no fundo dos seus olhos e dissesse: Eu nunca te deixei.