sábado, janeiro 26, 2013

Seventeen


      Tantas cenas aleatórias passam em frente aos nossos olhos todos os dias e poucas nos chamam atenção. O que eu vi ontem foi algo tão simples, mas que me fez pensar em tantas coisas que só havia uma solução pra tantos pensamentos paralelos: transformá-los em palavras. A história começou lá, um pouco antes que eu nascesse, há uns 17 anos. Ganhei dos meus pais, de presente de natal – sem nem menos existir ainda –  um urso de pelúcia que eu, feto na época, jamais imaginava que dormiria abraçada nele o resto da vida. É claro que esse urso tem nome, mas prefiro chama-lo de urso pra evitar longas explicações sobre seu amável nome.

     Coitado dele! Passou longos 17 anos sendo apertado, esmagado, surrado, lavado, babado, e outros ado. E ultimamente, nada além do que é previsível, ele começou a se desmanchar aos poucos. E por coincidência, hoje eu completo 17 anos e esse pequeno detalhe do meu dia me fez lembrar de tanta coisa, como quando ele ainda era inteiro e eu molhava ele com lágrimas de criança. Foi como se muita coisa acontecesse em tão pouco tempo e de repente eu tenho 17 anos com uma alma tão antiga quanto pinturas rupestres. Foi como se tudo que vivi virasse só lembranças engavetadas em pensamentos que talvez nunca sejam remexidos. E é muito triste pensar assim.

     Fazer aniversário nos faz pensar em coisas aleatórias como estas. A intensidade das coisas, o que o futuro nos reserva, mas espera aí, e se esse for o último aniversário? E se ainda tiver 50 pela frente? Será que meu urso de dormir dura até lá? E se eu começar a me desmanchar aos poucos, assim como ele. E se eu passar a desprezar essas coisas que antes eram essenciais. E se quem eu me tornar daqui há alguns anos for um tipo de personalidade desprezado por mim nos dias de hoje. E se eu não realizar meus sonhos. E se. Como será que vou me sentir lendo isso?

     Até aqui foram muitas dificuldades. Eu diria superações. Algumas foram sendo alcançadas dia após dia, outras aconteceram e quando eu abri os olhos, já pensava diferente. O que me tornei hoje, sim, eu desprezava há alguns anos atrás. O que não exclui a possibilidade de gostar do que sou hoje e desprezar o que eu era no passado. A vida é assim: uma constante mudança que até você vai se confundir. O que importa é, quando chegar ao final de tudo, não se arrepender do que foi feito, mas mais ainda, do que não foi feito. Porque você vai se despedaçar aos poucos, seja por dentro ou por fora, e um dia pode ser tarde demais pra fazer aquilo que você deixou pro próximo aniversário.

5 comentários:

  1. Sua percepção de vida e sentimentos vai ficar mais sensível daqui para frente. Sem contar que não sei porque vai achar que o tempo esta passando mais rápido...ainda mais quando começar faculdade.
    Mas, as experiências vão ser um ponto positivo e vão ajudar nas tomadas de decisões e nas curtições que vão aparecer em muitos momentos.

    O importante é não ter medo de arriscar e curtir todos os momentos da vida.

    Parabéns e vida longa!

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    1. Realmente, já comecei a sentir que o tempo passa cada vez mais rápido. O importante é saber aproveitar haha Obrigada pelos parabéns e pela sua visita!

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  2. Que lindo, Taísa....não sabia que você tinha este blog e nem que escrevia de forma tão linda e profunda. Beijos, de uma fã sua de Fortaleza (CE).

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