terça-feira, maio 27, 2014

Carta #04

   

   Mais uma vez te escrevo. Por ironia, no dia em que foi tão importante para nós. Parece que tanto te escrevo, mas sempre há o que dizer. Sou inconstante. Mas dessa vez eu gostaria de falar-te sucintamente tudo que estou sentindo nesse momento. Eu gostaria, mas não sei dizer o que estou sentindo. É como se meu coração, por conta própria, tivesse aprendido a falar uma língua desconhecida. Apesar disso, peço-te que leia essa carta até o fim. Não sei o que esperar dela também, acredite! Se isso te conforta, hoje nem eu sei o que minhas palavras me reservam.

   Eu tenho saudades. Sinto falta do tempo em que nada nos dividia. Havia motivo pra tudo e tudo era motivo para mais perfeita simetria. Chegamos tão longe, tão distante do ponto de partida, que nos perdemos. Mas eu te garanto que, depois de muito tempo passado, eu ainda vou lembrar cada gesto que me fez acreditar nesse sentimento. Só te peço que não esqueça de mim, mesmo que tudo isso um dia acabe, mesmo que já não haja aquele carinho, saudade ou afeto, só não me esqueça. Me guarda aí, em qualquer cantinho escondido, para que, se um dia sentires saudades, que tu saibas que pode recorrer a mim, me desembrulhar e ver que sempre estive aqui pra te cuidar.

    Se um dia tu achar que o mundo inteiro te esqueceu, me procure, pois eu te garanto que estarei disponível. Pois, meu amor, o que tivemos não foi nenhum desses romances adolescentes ou brincadeira de criança. Foi tudo real. Ainda é real te ver de longe e não te ter mais. Foi o sentimento mais forte e lindo que vivi um dia. Por isso, eu quero que tu cuides desse coração que um dia eu pus em tuas mãos, pois ele será eternamente teu. Sei que hoje ele está diferente. Um pouco amarrotado e desbotado talvez, mas o que está dentro dele permanece intacto. Mas ele ainda é seu.

    Desculpa por minhas ideias confusas. Estou naqueles dias silenciosos, em que nada parece fazer sentido. Eu sei muito bem meu efeito sobre ti, por isso me afasto. Jamais dizendo adeus. Estou dizendo que estarei aqui sempre, te sentindo, porém de longe. Estou à procura do que nos tornamos e, quando eu encontrar, acredite meu amor, não vou deixar acabar nunca mais.

   Minha mente está tumultuada. Talvez pela primeira vez eu não saiba como organizar as palavras, talvez porque elas tenham perdido o sentido pra mim. Por isso me despeço aqui, sem esperar nenhuma resposta, apenas desejando que tu tenhas lido até aqui. Desculpa por ter te colocado nessa, por todas as vezes que te magoei, por ter te deixado sem respostas. Desculpa por ter te feito desistir de nós. Essa carta só chegou as tuas mãos pra te dizer: não faça isso. Não desista.

   Daquela que ainda está aqui por ti sempre.


Escrito em 27 de maio de 2012, com o coração apertado e publicado hoje, ainda com o coração apertado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Elementares