terça-feira, janeiro 13, 2015

Terceira porta à esquerda


“Não, não é o fim
Dure o tempo que você gostar de mim
Entre o não e o sim, só me deixe quando o lado bom for menor do que o ruim”

Eu nunca estive sozinha. Por mais que algumas lágrimas que sujavam sua camiseta dissessem que sentir-me só era mais importante do que realmente estar, eu não era sozinha. O grande problema foi pensar demais. Eu tinha seu sorriso bobão, que me deixava feliz só de existir num domingo de manhã.

Eu não era sozinha. Eu dividia a cama com você algumas vezes e roubava seu lençol. Te via acordar de mau humor sem saber como reagir com minha hiperatividade matutina. Você sorria e me dava um bom dia sonolento e eu sabia: não estava sozinha.

Eu tinha sua roupa com cheiro de lavada. Eu tinha minha campainha tocando de surpresa e era você “só pra me dar um beijo”. Eu tinha ligações que duravam horas, cartas que ocupavam folhas, domingos que enchiam o coração.

Hoje tenho alguns pingos de chuva que caem na minha janela e não me deixam dormir. Tenho algumas lembranças tentando virar poesia e seu número salvo na agenda telefônica apenas para enfeite. Tenho lágrimas que caem no teclado e molham meus dedos. Tenho um futuro que não quer existir porque eu simplesmente não quero que ele exista sem você.

Eu tenho um coração inquieto.

E ele pede por favor pra que volte. A porta está aberta, terceira porta à esquerda, não repare a bagunça. Sei que se você tivesse a opção esse não seria o fim. Mas me pergunto o quanto uma escolha errada refletirá no nosso futuro que não vai existir.

Será que um dia essa saudade acabará?

Um dia vou acordar e vou conseguir tomar meu café da manhã sem lembrar de você. Um dia vou naquele show, aquele que iríamos juntos, com alguns amigos e talvez quando nossa música tocar eu lembre o quanto ela significou pra nós. Um dia vou achar umas cartas amareladas na gaveta, vou abrir um sorriso e guardá-las sem ler, porque aí elas não farão o menor sentido.

Um dia vou ganhar uma viagem pra sua terra e vou simplesmente esquecer de avisar que cheguei. Vou completar aquela nossa lista sozinha e aprender a tocar violão pra colocar uma melodia nas poesias que eu fizer pra um outro alguém. Um dia eu vou ler esse texto e ver que tudo passou.

Ou talvez um dia eu pense que tudo isso poderia ter acontecido, mas o destino brincou de ser diferente.

E eu verei que nunca estive sozinha, exceto no instante agora: esse, em que os pingos de chuva batem na minha janela pedindo permissão para entrar.


Podem ser devaneios, mas minha porta estará aberta. Não repare a bagunça.

2 comentários:

  1. Adorei seu blog! Faz tempo que não o visito. Estarei vindo sempre que puder.
    Abraços!
    http://www.borboletra.com/

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