quarta-feira, fevereiro 18, 2015

Apenas sendo humana

Hoje senti saudade. Uma saudade nostálgica de coisas que não existem mais. Aquele comecinho dos anos 2000, quando a tecnologia ainda era novidade. Saudade de ter nove anos, amar Kelly Key. Saudade de esperar ansiosamente pelo fim de semana para acessar a internet. Saudade de ficar horas procurando pelo layout perfeito para meu blog. Ah, saudade dos incontáveis blogs. Saudades de acreditar piamente que eu poderia mudar o mundo com as minhas palavras.

Sinto falta de deitar a noite e ter medo do escuro. E ficar imaginando os segredos que o escuro pode guardar. Saudades de olhar as estrelas, que hoje são escondidas pela poluição. E de achar que a qualquer momento elas poderiam ser despregadas do céu e cair sobre nós. Saudade de não entender como nascem os bebês e achar que gravidez na adolescência era um problema que fugia do controle humano.

Posso dizer que também sinto falta da internet discada, das máquinas fotográficas analógicas, da televisão antes de ser em HD, dos filmes que escolhíamos na locadora, do bolo que não vinha pronto, precisava tomar forma nas mãos da minha mãe. Saudades da passagem de ônibus barata, do celular que só telefonava e mandava mensagem, dos CDs e DVDs, do videocassete!, das balas de café no consultório do pediatra, da hora do soninho na escola.

Ah, a famigerada internet discada


Sinto falta de aprender a somar, multiplicar, dividir, subtrair, e simplesmente amar matemática. Sinto falta dos verões que não eram tão quentes, dos corações que não eram tão frios e dos sorrisos que eram mais sinceros.

Da revista Capricho que eu idolatrava, das tardes assistindo twitcam, da festa teen, do Red Bull que embebedava, do sapato de bico fino e da calça boca de sino que eram moda. Saudades do meu cabelo sem química, da trilha sonora da novela que eu queria que fosse a da minha vida, do BBB que ainda era interessante e dos meus textos que ainda faziam algum sentido.

Que tal lançarmos de volta essa moda?

Sinto falta de tudo isso e um infinito a mais. Sinto falta da pequena beleza que existia na vida ainda por ser descoberta. Talvez porque eu fosse uma mera criança querendo que o mundo me descobrisse. O mundo que nunca será o mesmo, mas que ainda insistiremos para nossos netos que ele era bem melhor do que o atual. 

Sei que esse post não é exatamente o feitio do blog de agora, mas é exatamente o feitio do blog que eu sinto falta. Permiti-me.

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