Hoje senti saudade. Uma saudade
nostálgica de coisas que não existem mais. Aquele comecinho dos anos 2000,
quando a tecnologia ainda era novidade. Saudade de ter nove anos, amar Kelly
Key. Saudade de esperar ansiosamente pelo fim de semana para acessar a
internet. Saudade de ficar horas procurando pelo layout perfeito para meu blog.
Ah, saudade dos incontáveis blogs. Saudades de acreditar piamente que eu
poderia mudar o mundo com as minhas palavras.
Sinto falta de deitar a noite e
ter medo do escuro. E ficar imaginando os segredos que o escuro pode guardar.
Saudades de olhar as estrelas, que hoje são escondidas pela poluição. E de
achar que a qualquer momento elas poderiam ser despregadas do céu e cair sobre
nós. Saudade de não entender como nascem os bebês e achar que gravidez na
adolescência era um problema que fugia do controle humano.
Posso dizer que também sinto
falta da internet discada, das máquinas fotográficas analógicas, da televisão
antes de ser em HD, dos filmes que escolhíamos na locadora, do bolo que não
vinha pronto, precisava tomar forma nas mãos da minha mãe. Saudades da passagem
de ônibus barata, do celular que só telefonava e mandava mensagem, dos CDs e
DVDs, do videocassete!, das balas de café no consultório do pediatra, da hora
do soninho na escola.
Ah, a famigerada internet discada
Sinto falta de aprender a somar, multiplicar, dividir, subtrair, e simplesmente amar matemática. Sinto falta dos verões que não eram tão quentes, dos corações que não eram tão frios e dos sorrisos que eram mais sinceros.
Da revista Capricho que eu idolatrava,
das tardes assistindo twitcam, da festa teen, do Red Bull que embebedava, do
sapato de bico fino e da calça boca de sino que eram moda. Saudades do meu
cabelo sem química, da trilha sonora da novela que eu queria que fosse a da
minha vida, do BBB que ainda era interessante e dos meus textos que ainda
faziam algum sentido.
Que tal lançarmos de volta essa moda?
Sinto falta de tudo isso e um
infinito a mais. Sinto falta da pequena beleza que existia na vida ainda por
ser descoberta. Talvez porque eu fosse uma mera criança querendo que o mundo me
descobrisse. O mundo que nunca será o mesmo, mas que ainda insistiremos para
nossos netos que ele era bem melhor do que o atual.
Sei que esse post não é exatamente o feitio do blog de agora, mas é exatamente o feitio do blog que eu sinto falta. Permiti-me.
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