Imagino que vivi. Sonho que vivi.
O que estou vivendo de verdade? Minhas palavras são o que sou, pois meu corpo
em putrefação não me deixa nada a esperar. Amar pra quê? Pra depois escrever.
Chorar pra não lembrar, apagar pra não sofrer. Minhas palavras: sou o que sou e
o que faço delas, ah, isso sim não me responsabilizo. Sou ventania no deserto
frio, um tapa na cara. Coisa que não existe, acordar com calor no meio do
inverno. Coisa que não se sente.
Sou um delírio da sua mente. Sou
as palavras que você usa. O cigarro que você fuma, o chão que você pisa. O gelo
que boia no seu uísque. A ruga que se forma na sua testa enquanto se concentra.
Eu estou em toda a parte mas você
não sabe me enxergar. Minhas palavras são o que sou. Esse mundo já não é mais
suficiente pra mim.
Mochilão para a lua – é pra lá
que eu vou. Me empresta sua bike? Na cestinha vai o violão que nunca aprendi a
tocar e umas folhas amareladas com algumas palavras, que eu sou.
Tapa na cara, fogo que sobe pelas
nádegas. Abre os olhos e não enxerga nada. O que sou agora?
Palavras, palavras, palavras.
Tapa na cara.
Nenhum comentário:
Postar um comentário