sexta-feira, fevereiro 06, 2015

Um passado qualquer



Matei a faca minhas esperanças, porque sabia que se eu as deixasse viver alguém sairia machucado. E provavelmente esse alguém seria eu. Você disse que não mataria as suas porque não quer ser um passado qualquer.

Um passado qualquer foi aquele cara com quem eu flertei no ônibus durante dois minutos, até ele descer uma parada antes da minha. Um passado qualquer foi o machucado que fiz aos 12 anos enquanto aprendia a andar de patins. É aquela amiga que ficou um mês sem dar sinal de vida, mas depois tudo voltou ao normal. É aquela falta de luz que irrita, mas passa.

Você não é nem nunca será um passado qualquer.

A começar pelo passado. Isso você vai demorar pra ser. Por mais que não estejamos mais juntos, ainda sou sua. É, isso mesmo, não posso mentir. Meu corpo quer você, minha mente quer você, meus sonhos trazem você, eu só falo de você e veja: mais um texto pra você. Passado pra mim é aquilo que não sobrevive por muito tempo e cai no esquecimento, até que, um belo dia alguém me faz lembrar você e eu penso nossa faz tanto tempo por onde anda. Ponto. Apenas penso.

Qualquer? Ah, não é mesmo. Poderia citar mil e uma formas de você não ser um qualquer pra mim, mas eu fico com a mais pura e simples: eu te amei. Ops, verbo amar não existe no passado: eu te amo. Eu sei, você não é o primeiro pra quem eu digo isso. Só que esse tal de amor nos surpreende. Quando você acha que já amou o suficiente, que é impossível amar tanto alguém, epa. Vem você. E é isso, eu simplesmente amo você, no sentido mais verdadeiro da palavra, aquele que traz junto o involuntário “pra sempre” e todos os anexos, incluindo a amizade verdadeira, que sei que nunca perderemos.

Você não é meu passado, muito menos um qualquer. Você é alguém que pode sumir o tempo que for, eu não vou esquecer. Vou sentir saudades, vou tentar contato, vou querer pelo menos saber por onde anda, se tá fazendo algo legal. E é isso: o pra sempre que vem de brinde. Posso até ter matado minhas esperanças de um jeito bem cruel, mas as lembranças elas não morrem de jeito nenhum. Elas são do passado, mas não um qualquer.


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